9 de dezembro de 2013

Oração do Rato

Eu vivo o mundo sozinho
Espreitando através das frestas...

Eu sou tão cinza,
ó Deus amado!
O Senhor se lembra de mim?
Sempre perseguido,
sempre acuado.
E a miséria mordisca do meu lado
o vazio que me enche o prato...
Por que maltratam
um rato assim?
Meu criador não é o Senhor?

Quero ficar bem escondido,
dê-me a migalhaa que me livra da fome,

longe das garras
daquele demônio 
de olhos verdes.
 

Amém!

Versos de Carmen Bernos de Gasztold (1919),
tradução de Peter O’Sagae (2013) rev. 2018.


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