um poema de Paul Salvatori*
quando ouço crianças chorando, penso
nas crianças palestinas
não importa que estes gritos venham
de Istambul
tão logo ouço o choro, penso nas crianças de Gaza sofrendo
famintas sangrando sob os escombros
sem ninguém mais da família
a garotinha pedindo ao regaste para salvarem sua família antes que eles a salvem
perplexo com coragem tamanha
coragem maior do que a nossa
neste pequeno corpo
as crianças palestinas
quase sempre resistem a este terrível mundo que assiste o espetáculo genocida como a um filme de terror sem cortes
no entanto, um orçamento de bilhões de dólares é renovado constantemente pelos amigos do imperialismo
preciso ir para casa
para meu apartamento vazio
fora da rua principal de Ortaköy
puxar as cortinas e deitar na escuridão para não ver ouvir as crianças do lado de fora chorando
disparando visões de crianças palestinas pelas quais nunca posso fazer o suficiente
mesmo que eu compre todos os pães do vendedor barulhento empurrando o carrinho na rua abaixo
e envie tudo para Rafah - Maghazi - Khan Yunis
onde vivem tantas crianças desnutridas
outrossim,
elas não pedem pelo dia de ontem
elas reclamam a comida que acumulamos
porcos sem memória nos restaurantes recebendo notícias em nossos telefones antes de retornarmos aos risos e retratos
nós não conhecemos o sofrimento
e nao sabemos como sofrer
sem o fazermos apenas por nós
não somos tão fortes
quanto as crianças palestinas
* * *
Paul Salvatori publicou este poema na plataforma The Palestine Chronicle, em 3 de março de 2024. Artista, jornalista e voluntário residente em Toronto, Salvatori desenvolve projetos educacionais como a série Palestine in Perspective, entrevistando escritores, acadêmicos e ativistas.
Uma criança palestina em um campo de refugiados em Rafah
Foto: Mahmoud Ajour (The Palestine Chronicle)
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