Apenas lanço perguntas
rumo ao horizonte
sem respostas ou vozes amigas
que possam me consolar.
Vou fazer a balada
do Esplanada
E ficar sendo o
menestrel
De meu hotel
O silêncio é uma paisagem constante.
Mas não há poesia
num hotel...
Sou a jovem que suspira
olhando as montanhas...
Há poesia
na dor
na flor
no beija-flor
No elevador.
Que distância!
Não choro
porque meus olhos ficam feios.
Eu gosto dos
santuários
das viagens e de
alguns hotéis.
Deixo a chuva
regar a terra como o pranto e
todos escutam a voz da noite
cheia de ladeiras acesas.
Rezo
com o sorriso das procissões!
Vou agora triste no
trem
com aquela paixão no
coração
vou emagrecer junto
às palmeiras
malditas da fazenda
E o gru-gru dos grilos grelam
gaitas
E os sapos sapeiam sapas sopas
No alfabeto escuro dos brejos
Vogais
Lampiões e lamparinas
E tu surges
através de um fox-trot errado e de
lenda
Dentro de mim, a volta
já se prepara. A noite me parece
um violino desafinado,
acho que ando em desalinho...
Mas isto tudo é outro sonho
conduzido pelas palavras que
você me deixou.
Legado de espera,
Vida suspensa.
Bestão querido, Estou sofrendo!
Sabia que ia sofrer...
* Peter O’Sagae. Peer Gynt – 6. O Lamento.
Do roteiro original inspirado na música de Edvard Grieg para a peça de Henrik Ibsen. Versos incidentais de Oswald de Andrade. Rádio USP FM, 1996. Noites poéticas, 1997.
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