Alguém hoje
abranda suas mágoas?
Deveria eu confessar
ter conhecido Anitra,
a bela escrava do Egito
com olhos de tâmara
a bela escrava do Egito
com olhos de tâmara
e ouro que tanta fome
me davam?
me davam?
Peer!!!
Talvez não! Talvez sim!
Anitra era ágil na dança
que fazia ao redor de meu corpo...
Penso em toda a sorte
de prazeres
que as terras distantes
de prazeres
que as terras distantes
oferecem aos viajantes
e receio,
estremeço,
esmoreço!
Anitra era insistente
e encantadora
nas histórias que me dava
aos ouvidos... Era uma princesa
sem alma, contava a mim,
contava talvez a todos os homens
ricos
quando se escondia a lua atrás
das tendas.
e encantadora
nas histórias que me dava
aos ouvidos... Era uma princesa
sem alma, contava a mim,
contava talvez a todos os homens
ricos
quando se escondia a lua atrás
das tendas.
Ela tampouco se importava
em possuir uma vocação para
serpente...
em possuir uma vocação para
serpente...
A opala do meu turbante
valia bem mais que as promessas
do Além.
do Além.
Contam os mais velhos
da vivacidade de certas mulheres!
Pensei em noites
ocultando braços e pernas,
raptos!
ocultando braços e pernas,
raptos!
Pensei formar meu próprio serralho
com aquela vítima... indefesa.
Anitra! Anitra!
Anitra! Anitra!
O escuro,
o alaúde e
a serenata
o alaúde e
a serenata
para o harém de uma escrava só.
Contam mais os velhos...
os cotovelos se encontram
se acotovelam e se apalpam
mãos descem na calada da lua.
Contudo nem tudo
é perfeito, quão suave
eu via os gestos da bailarina
mais estrondoso
era o ronco de Anitra!
Adeus, encantos
era o ronco de Anitra!
Adeus, encantos
e oásis pela imensidão
do oceano de areia!
do oceano de areia!
* Peter O’Sagae. Peer Gynt – 5. A Princesa sem Alma.
Do roteiro original inspirado na música de Edvard Grieg para a peça de Henrik Ibsen. Versos incidentais de Oswald de Andrade. Ilustração de Edvard Munch: Anitra dancing, Peer watching (Act 4), c. 1930. Rádio USP FM, 1996. Noites poéticas, 1997.
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