Sempre me senti
um gigante em minha
terra,
entre duendes, sílfides
e nereidas.
Nada me causava medo
ou espanto entre os
seres da natureza
nem mesmo os homens,
nem mesmo os troll,
nem mesmo os grandes
animais.
Aase, a Velha,
sempre me contava suas façanhas.
E fui ficando encantada
com sua coragem e imaginação
frente a qualquer perigo.
Nenhuma porta, nenhum muro
seria resistência em seu caminho!
Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades.
Como poucos, eu amei a palavra liberdade
e por ela briguei.
A sua liberdade acima de tudo
foi raiz e corrente
a deixar-me presa
ao solo desta terra, fria
demais sem você.
Conquistei territórios,
acumulei riquezas,
tornei-me imperador de
mim mesmo.
Tenho morado
nesta cabana, nosso castelo,
desconfiando de seu esquecimento
sobre o passado em que vivo.
Mares e terras, abismos
venci.
Talvez tudo não seja nada
além de um sonho,
meu pesadelo lento e
acalanto...
Aase dizia coisas, Aase sabia!
Ai de mim, tola! Deixei-me
levar por sua balada, balelas...
Aase! Como era
forte essa mulher!
* Peter O’Sagae. Peer Gynt – 2. O Amanhecer. Na Noruega.
Do roteiro original inspirado na música de Edvard Grieg para a peça de Henrik Ibsen. Versos incidentais de Oswald de Andrade. Rádio USP FM, 1996. Noites poéticas, 1997.
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