22 de março de 2016

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pensaria um galo apenas o que é que é a vida
senão o cercado, senão a mão do mestre, senão
o canto (céu claro?) que falta não faz à sua voz

pensaria um galo quando encontra ele outro galo
de briga (em si mesmo?) desconhecido, sem penas,
senão um arremedo de galo solitário que mal pensa

que não é apenas... pensa este naquele, o primeiro
na arena (vazio um olho que o abriga?) eclipse de lua
coração cego, desconfiado, um galo feroz e vermelho

que não é sangue a mortalha em suas penas, não
pensa na luta pelos seus, em liberdade, em um deus
que falta à vida não faz, afora a mão que a ele afaga

alimenta
comanda
condena

pensaria um galo vencer o pensamento que adentra
feito golpe contra si mesmo que não se rende a outro
a ele semelhante, depenado, à espora do adversário

que não é errado, pensa ele o contrário; na rinha
vive morto quem igualmente mata, sem penas, pensa,
de um a outro lado ou galo que dançava em espelho

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